quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Air Supply - Making Love out of nothing at all subtitulado

ha gente tem que começar o dia horando assim...

o senhor e o meu pastor e nada me faltara

deitar-me faz em verde pastos

quia-me mansamente pelas aguas tranquilas

refrigera a minha alma

,quia-me pela vereda da justiça por amor ao seu nome

ainda que eu andaste pelo vale da sombra da morte não temerei

mal algum por tu estas comigo

a tua vara e teu cajado me confortam preparas uma mesa mim

na presença dos meus inimigos unge minha cabeça com oleo e

meu calice transborda

certamente que a misericordia me seguirão por todos os dia de

minha vida e abitarei na casa do senhor por longos dias amem

terça-feira, 15 de novembro de 2011

biografia andre luiz


"Quero trabalhar e conhecer a satisfação dos cooperadores anônimos da felicidade alheia. Procurarei a prodigiosa luz da fraternidade através do serviço às criaturasolvidando o próprio nome que deixo para trás por amor a Deus e a elas. Revisto-me transitoriamente de outra personagem para melhor ensinar e amparar. Sou André Luiz."
 
 
O ano de 1944 marca a estréia de André Luiz no mercado editorial espírita brasileiro, revolucionando, de certo modo, a concepção geral acerca da vida pós-túmulo. "Nosso Lar" descreve as atividades de uma cidade espiritual próxima à Terra, e transforma-se em objeto de estudo, discussão e deslumbramento nos círculos espíritas do país.
Portas até então cerradas se abrem de par em par, revelando vida e trabalho, continuidade e justiça onde imperavam dúvidas e suposições.
Todos querem saber mais sobre o autor.
André Luiz não é o seu verdadeiro nome.
Dele sabe-se apenas que foi médico sanitarista, no século iniciante, e que exerceu sua profissão no Rio de Janeiro, Brasil. Segundo suas próprias palavras, optou pelo anonimato, quando da decisão de enviar notícias do além-túmulo, por compreender que "a existência humana apresenta grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda toda a verdade".
Declara Emmanuel, no prefácio de "Nosso Lar", que ele, "por trazer valiosas impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as convenções, inclusive a do próprio nome, para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão."
Imensa curiosidade cerca a personalidade do benfeitor e aventam-se hipóteses, sem que se chegue à sua real identidade.
André Luiz, no entanto, fiel ao desejo de servir sem láureas, e atento ao compromisso com a verdade, prossegue derramando bênçãos em forma de livros, sem curvar-se à curiosidade geral.
Importa o que tem a dizer, de espírito à espírito.
A vaidade do nome ou sagrações passadas já não encontram eco em seu coração lúcido e enobrecido.
André Luiz foi, positivamente, dentre todos os Benfeitores que escreveram aos encarnados o que manteve fidelidade maior aos postulados espíritas, notadamente à Allan Kardec. O seu trabalho, no que concerne à forma e ao fundo, notabiliza-se em tudo pelo respeito e lealdade mantidos, ao longo do tempo, ao Codificador e à Codificação.
Por mais de quatro décadas, André Luiz trabalhou ativamente junto a Seara Espírita, lhe exornando a excelência e clarificando caminhos.
Chico Xavier, o médium que serviu de "ponte", hoje desencarnado, não pode mais oferecer mão segura à transmissão de seus ensinamentos luminosos.
Não sabemos se André Luiz retornará pela mão de outro médium.
Deste modo, resta apenas, aos espíritas e admiradores, o estudo de sua obra magnífica, calando interrogações para ater-se às lições ministradas, de mente despojada e coração agradecido.
Como ele, certamente, aguarda seja feito. (©Lori Marli dos Santos - Instituto André Luiz. Todos os direitos autorais reservados conforme Lei 9.610, de 19.02.98)
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O HOMEM - André Luiz traça de si mesmo um perfil comum, previsível, sem nuances ou grandezas espirituais. Logo nas primeiras páginas de "Nosso Lar", diz, referindo-se à sua personalidade de então: "Filho de pais talvez excessivamente generosos, conquistara meus títulos universitários sem maior sacrifício, compartilhara os vícios da mocidade do meu tempo, organizara o lar, conseguira filhos, perseguira situações estáveis que garantissem a tranqüilidade econômica do meu grupo familiar, mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia experimentar a noção do tempo perdido, com a silenciosa acusação da consciência. Habitara a Terra, gozara-lhe os bens, colhera as bênçãos da vida, mas não lhe retribuíra ceitil do débito enorme. Tivera pais, cuja generosidade e sacrifícios por mim nunca avaliei; esposa e filhos que prendera, ferozmente, nas teias rijas do egoísmo destruidor. Possuí um lar que fechei a todos os que palmilhavam o deserto da angústia. Deliciara-me com os júbilos da família, esquecido de estender essa bênção divina à imensa família humana, surdo a comezinhos deveres de fraternidade."
O APRENDIZ - É possível acompanhar esta personalidade em André Luiz por quase todo primeiro volume da série "Nosso Lar". No Umbral, irrita-se com a pecha de suicida e tenta reunir forças para esmurrar os agressores, sem sucesso; já em Nosso Lar, ainda frágil, ofende-se com as verdades que o médico espiritual lhe declara, analisando seu desencarne prematuro; recuperado, quer trabalhar, ansiando pelo velho cargo de médico, sem cogitar de suas reais possibilidades no campo da medicina espiritual; junto à mãezinha, queixa-se choroso de suas dores e dificuldades, infantilizando-se; nas Câmeras de Retificação, como homem comum e de passado vicioso, é levado a encarar, face a face, a mulher que infelicitou um dia, na juventude distante; fiel e apegado egoisticamente à esposa deixada na Terra, se abstrai de partilhar momentos de lazer e amizade com o elemento feminino, deixando de acompanhar Lísias e demais amigas ao Campo da Música.
É só a pouco e pouco que André se conscientiza de sua nova posição e responsabilidades. Chora com freqüência, ouvindo verdades que não toleraria na Terra, ali orgulhoso e arrogante; aprende humildade a duros golpes; observa, ouve, pergunta, medita...
Assim o vemos crescendo com as dificuldades e superando desafios, no intuito sincero de se aprimorar. Auxilia Elisa, a jovem infelicitada, serve aos doentes das Câmaras de Retificação com redobrado carinho, sendo-lhes, não o médico, mas o irmão dedicado e vigilante; aceita as recomendações de Genésio e de sua mãe, vigiando pensamentos e sentimentos inferiores, para aprender a calar queixas e mágoas improcedentes; e, finalmente, buscando a integração perfeita com o clima harmonioso e elevado de Nosso Lar, através do trabalho e da renovação íntima, recebe a ansiada autorização para retornar ao lar terrestre, o qual não mais pudera visitar.
O NOVO HOMEM - Sentindo-se qual criança, na companhia dos Mentores que lhe patrocinaram o regresso à casa, não contém em si a alegria e o júbilo de retornar aos seus. Adentra a antiga morada, estranhando a decoração e dando por falta de detalhes, como um gracioso retrato da família que adornava a entrada, embelezando-a singularmente. Ainda assim, feliz e exultante, corre ao encontro de Zélia, sua amada esposa, gritando-lhe sua saudade e seu amor, mas ela não o ouve. Desapontado, abraça-se à ela, mas em vão: Zélia parece completamente indiferente ao seu carinho e ao seu abraço.
Então, ouvindo-a conversar com alguém, descobre-lhe o segundo casamento: "Mas doutor, salve-o, por caridade! Peço-lhe! Oh, não suportaria uma segunda viuvez."
André Luiz descreve assim sua decepção e seu sofrimento: "Um corisco não me fulminaria com tamanha violência. Outro homem se apossara de meu lar. A esposa me esquecera. A casa não mais me pertencia. Valia a pena ter esperado tanto para colher semelhantes desilusões?"
E prossegue, recordando os duros momentos de sua volta ao lar terreno: "Corri ao meu quarto, verificando que outro mobiliário existia na alcova espaçosa. No leito estava um homem de idade madura, evidenciando melindroso estado de saúde... De pronto, tive ímpetos de odiar o intruso com todas as forças, mas já não era eu o mesmo homem de outros tempos... Assentei-me decepcionado e acabrunhado, vendo Zélia entrar no aposento e dele sair, acariciando o enfermo com a ternura que me coubera noutros tempos... Minha casa pareceu-me, então, um patrimônio que os ladrões e os vermes haviam transformado. Nem haveres, nem títulos, nem afetos! Somente uma filha ali estava de sentinela ao meu velho e sincero amor."
À tardinha do dia seguinte, André recebe a visita de Clarêncio, que, percebendo seu abatimento, lhe diz: "Compreendo suas mágoas e rejubilo-me pela ótima oportunidade deste testemunho... Apenas não posso esquecer que aquela recomendação de Jesus para que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, opera sempre, quando seguida, verdadeiros milagres de felicidade e compreensão, em nossos caminhos."
André pondera o alcance das palavras de Clarêncio e, sentindo-se realmente renovado, um outro homem, a quem o Senhor havia chamado aos ensinamentos do amor, da fraternidade e do perdão, reflete com mais serenidade: "Afinal de contas, por que condenar o procedimento de Zélia? E se fosse eu o viúvo na Terra? Teria, acaso, suportado a prolongada solidão? Não teria recorrido a mil pretextos para justificar novo consórcio? E o pobre enfermo? Por que odiá-lo? Não era também meu irmão na Casa de Nosso Pai? Precisava era, pois, lutar contra o egoísmo feroz..."
De imediato, procura auxiliar a Ernesto, o novo esposo de Zélia, mas sente-se enfraquecido, debilitado, compreendendo então o valor do amor e da amizade, alimentos confortadores absorvidos em Nosso Lar.
Em prece, clama o auxílio de Narcisa, sua grande amiga das Câmaras de Retificação. Juntos dirigem-se à Natureza exuberante, dali retirando os elementos curativos à enfermidade do doente.
Recuperado o enfermo, e restituindo a alegria à antiga morada, André Luiz retorna a Nosso Lar, sentindo-se jubiloso e renovado. Mas ao chegar, imensa surpresa o aguarda: Clarêncio, em companhia de dezenas de amigos, vêm ao seu encontro, saudando-o, generosos e acolhedores. O bondoso velhinho se adianta,e, estendendo-lhe a mão, diz, comovido:
"Até hoje, André, você era meu pupilo na cidade; mas, doravante, em nome da Governadoria, declaro-o cidadão de Nosso Lar."
O MENSAGEIRO - Imensa transformação opera-se no íntimo de André. "Compelido a destruir meus castelos de exclusivismo injusto, senti que outro amor se instalava em minhalma", diz. Volta a freqüentar o ninho doméstico, não mais como senhor, mas como alguém "que ama o trabalho da oficina que a vida lhe designou"; auxilia a Zélia, o quanto está em suas forças, ampara os filhos e evita encarar o segundo marido como o intruso que lhe roubou o amor da companheira do mundo.
Alegre esperança se lhe desenha no espírito, mas sente-se vazio, de alguma forma, entediado. Compreendendo-lhe a transformação, diz-lhe Narcisa: "André, meu amigo, você vem fazendo a renovação mental. Em tais períodos, extremas dificuldades espirituais nos assaltam o coração... Sei que você experimenta intraduzível alegria ao contato da harmonia universal, após o abandono de suas criações caprichosas, mas reconheço que, ao lado das rosas de júbilo, defrontando os novos caminhos que se descerram para sua esperança, há espinhos de tédio nas margens das velhas estradas inferiores que você vai deixando para trás. Seu coração é uma taça iluminada aos raios do alvorecer divino, mas vazia dos sentimentos do mundo que a encheram por séculos consecutivos."
"Não poderia, eu mesmo, formular tão exata definição do meu estado espiritual", comove-se André Luiz. E conhecendo-o bem, seu temperamento agitado, Narcisa sugere, com felicidade: "Creio deve você aproveitar os novos cursos de serviço, instalados no Ministério da Comunicação. Muitos companheiros nossos habilitaram-se a prestar concurso na Terra, nos campos visíveis e invisíveis ao homem, acompanhados, todos eles, por nobres instrutores. Poderia você conhecer experiências novas, aprender muito e cooperar com excelente ação individual. Por que não tenta?"
André sente-se então dominado por esperanças diferentes, relativamente às suas tarefas, conforme afirma. Levado por Tobias até a residência de Aniceto, entidade que se ligaria fundamente à sua vida espiritual, mantêm com ele fraterno diálogo, cientificando-se do trabalho e das novas responsabilidades porvindouras.
André aceita, jubiloso, a nova e fascinante etapa existencial. E diz: "Misteriosa alegria dominava-me todo, sublimada esperança iluminava-me os sentimentos. Aquele desejo ardente de colaborar em benefício dos outros, que Narcisa me acendera no íntimo, parecia encher, agora, a taça vazia do meu coração.
Trabalharia sim. Conheceria a satisfação dos cooperadores anônimos da felicidade alheia. Procuraria a prodigiosa luz da fraternidade, através do serviço às criaturas."
E olvidando o próprio nome, que deixa para trás por amor à Deus e as criaturas, reveste-se transitoriamente de outra personagem, para melhor ensinar e amparar.
Surge André Luiz.
SUA OBRA: NOSSO LAR, OS MENSAGEIROS, MISSIONÁRIOS DA LUZ, OBREIROS DA VIDA ETERNA, NO MUNDO MAIOR, AÇÃO E REAÇÃO, LIBERTAÇÃO, ENTRE A TERRA E O CÉU, NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE, MECANISMOS DA MEDIUNIDADE, EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, CONDUTA ESPÍRITA, SEXO E DESTINO, DESOBSESSÃO, E A VIDA CONTINUA, AGENDA CRISTÃ, SOL NAS ALMAS, SINAL VERDE, ENDEREÇOS DE PAZ, OPINIÃO ESPÍRITA, ESTUDE E VIVA (estes dois últimos com Emmanuel).
Muitos outros livros ainda compõem este acervo, além de centenas de mensagens distribuídas nos inúmeros livros de Chico Xavier.
BIOGRAFIA EXCLUSIVA DO SITE ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ

um amor de verdade



— É uma boa idéia. Pode cuidar disso?
— Certamente. Posso mandar publicar a foto dela?
— Pode. É muito pequena, mas é a que temos.
Nina foi até o balcão de anúncios do jornal levando a foto. Ficou esperando que eles a copiassem e
voltou ao escritório.
Antônio ainda estava lá e Nina, depois de recolocar a foto na ficha de Antônia, foi à sala dele e
perguntou:
— Há alguma coisa mais que eu possa fazer?
— Penso que não. Teremos que esperar.
Nina estendeu-lhe um papel, dizendo:
— Este é o número do telefone de onde moro. Se precisar de mim para qualquer coisa, estarei à
disposição. — Hesitou um pouco e concluiu: — Gostaria de ter notícias do caso.
— Fique tranqüila. Se eu souber de alguma coisa, telefonarei.
— Obrigada, doutor.
Ela saiu e ele suspirou triste. O suicídio de Antônia o impressionara muito. Resolveu ir para casa.
Nina comprou o jornal no dia seguinte e o anúncio da morte, com a foto ampliada de Antônia, foi
publicado, pedindo o comparecimento da família à delegacia.
Como Antônio não telefonou, Nina deduziu que não haviam tido nenhuma notícia. Foi à tarde que
ele finalmente ligou, uma mulher havia procurado a delegacia dizendo ser tia de Antônia.
— O delegado me avisou e pediu para conversar com ela. Eu gostaria muito que você me
acompanhasse.
— Está bem. Onde é a delegacia?
— E melhor me dar seu endereço e passarei para apanhá-la. Quero ir o mais rápido possível.
Meia hora depois ele passou e foram para a delegacia. Mílton os recebeu imediatamente e osconduziu a uma sala onde foram apresentados à tia de Antônia. Era uma mulher de uns cinqüentaanos, magra, alta, muito bem vestida. Via-se que tinha classe e dinheiro.
— Esta é a Sra. Olívia Fontoura, tia de Antônia — disse o delegado.
— Viu o anúncio e nos procurou.
— Meu nome é Antônio Dantas, advogado, e esta é Nina. Antônia trabalhava em meu escritório.
Nós colocamos o anúncio porque Antônia nunca nos deu informações sobre sua família.
Olívia levantou-se e apertou a mão que ele lhe estendia, dizendo:
— Ainda estou chocada. Apesar de tudo, não esperava uma notícia dessas.
— Sentem-se e fiquem à vontade — disse o delegado. — Vou ver se consigo o resultado da
autópsia para poder liberar o corpo.
Eles se acomodaram e Antônio indagou:
— A senhora é tia dela?
— Sim. A mãe dela era irmã de meu marido.
— Já avisou o resto da família?
— Com exceção de meu marido e eu, ela não tem mais ninguém. Para dizer a verdade, eu não
queria vir. Mas meu marido insistiu. Ele está fora do País.
— Ainda bem que a senhora veio disse Antônio. — Todos estamos chocados com o caso.
— Certamente ela causou transtorno à sua empresa. Isso ela sempre soube fazer muito bem.Quando a mãe dela morreu em um acidente de carro, ela era adolescente e meu marido, um homemmuito caridoso, a trouxe para nossa casa. Mas ela só nos deu trabalho. Por isso, quando resolveu semudar, foi um alívio. O senhor deve ter se aborrecido. Ela bem poderia ter se suicidado em outro lugar.
Nina remexia-se na cadeira inquieta. Era-lhe insuportável presenciar a atitude daquela mulher.
Antônio considerou:
— Não vejo dessa forma. Se houvesse percebido o que ela pretendia fazer, teria me esforçado paraimpedir. Fico me perguntando por que teria feito isso. Era jovem, bonita. Tinha todo um futuro pelafrente.
— O senhor é um homem educado. Mas ela era assim. Nunca se importava com os problemas dos
outros. Era instável, cheia de altos e baixos. Só podia dar no que deu.
Nina interveio:
— Vejo que a senhora não a conhecia bem. Antônia era uma moça doce, meiga, delicada e gentil.Todas as colegas a estimavam, além de ser uma funcionária exemplar. Para fazer o que fez, eladeve ter sofrido muito.
Olívia fulminou-a com o olhar e não respondeu. Antônio tornou:
— Essa também era minha opinião. Seja como for, o importanteagora é saber que providências a
senhora deseja tomar com relação ao enterro.
— Bem, meu marido não vai poder vir. Está em um seminário importante na Suíça. Ele é médico,oftalmologista. Mas vamos pagar todas as despesas. Será enterrada ao lado da mãe dela. Agorapreciso ir. Aqui está meu cartão. Aguardarei notícias.
Depois que ela se foi, Nina não se conteve:
— Que mulher antipática! Desculpe doutor, mas foi difícil me conter.
— Deu para notar que ela não gostava de Antônia. Em todo caso, conseguimos nosso objetivo.
Agora só falta saber quando o corpo será liberado. Temos que tomar providências para o funeral.
Ela vai pagar, mas deixou claro que não deseja incomodar-se com nada.
— Se quiser, posso obter todas as informações a respeito e o senhor resolve o que preferir.
— Faça isso. Vamos embora. Vou levá-la em casa.
— Não se incomode, doutor. Posso tomar um ônibus. O senhor está cansado.
— Faço questão.
Uma vez no carro, ele disse:
— Você mora em um colégio. Não tem família?
— Meus pais moram no interior de Minas Gerais, Tenho um filho pequeno que nasceu nopensionato das freiras. Antes de trabalhar com o senhor, trabalhei no colégio. Mudei de emprego,mas continuo morando lá. Meu filho fica na creche do colégio.
— Você é uma moça corajosa.
— Precisei ser. Tenho que criar meu filho sozinha. Desejo dar-lhe uma boa educação.
Nina pensou que ele fosse perguntar pelo pai do menino, mas ele não o fez. Foi discreto, e elaapreciou sua atitude. Mas, se ele perguntasse, não teria acanhamento em responder. Haviaassumido sua situação com naturalidade e não se importava com o juízo que pudessem fazer dela.Ele deixou-a em casa e Nina, depois de ver o filho, tomou as informações para o sepultamento deAntônia. Combinou tudo com Antônio.
O corpo foi liberado no domingo pela manhã e o enterro marcado para a tarde do mesmo dia. Ninacuidou de tudo e Antônio ficou aliviado por haverem-se desembaraçado de tão desagradável tarefa.Aliás, Nina organizou tudo, poupando-lhe o trabalho.
No velório, Nina permaneceu o tempo todo. Havia avisado todos os funcionários, inclusive Neide,apesar de ela haver dito que não iria. Suas colegas Gilda e Maria compareceram logo após oalmoço e ficaram até a hora do enterro. Neide não compareceu. A tia de Antônia esteve lá, nãomais do que quinze minutos. Meia hora antes do enterro, Antônio compareceu com a esposa eacompanharam o corpo até a sepultura.
Quando tudo terminou, na saída do cemitério, Antônio aproximou-se de Nina e apresentou-lhe sua
esposa. Mercedes era uma mulher bonita e elegante, de olhos vivos e francos.
— Esta é Nina, que muito nos ajudou nesta hora.
Mercedes estendeu a mão, olhando-a nos olhos com simpatia:
— Tenho muito prazer em conhecê-la. Estou muito grata pelo que fez. Antônio ficou muito
chocado com o caso. Seria muito penoso para ele cuidar dos detalhes.
— Gostaria de poder ter evitado esta tragédia. Ainda estou me sentindo um pouco culpada.
— Não diga isso. Você não poderia prever o que aconteceu. Apesar de o momento ser de tristeza,
apreciei muito conhecê-la. Espero tornar a vê-la em uma ocasião mais alegre. Antônio me disse que
você é muito eficiente.
— Será um prazer. Se precisar de alguma coisa, estarei à sua disposição.
Eles se despediram. Gilda e Maria, que os observavam, aproximaram-se:
— Não sabia que você era tão importante — disse Gilda.
— Trabalho lá pra mais de quatro anos e nunca fui apresentada à D. Mercedes — tornou Maria. —
Você já a conhecia?
— Não — respondeu Nina com naturalidade. — É muito simpática. Agora preciso ir. Deixei meu
filho com as freiras. Fizeram-me esse favor e não posso abusar. Até amanhã.
Depois que Nina se foi, Gilda comentou:
— Se D. Neide soubesse dessa intimidade com o Dr. Antônio, ficaria muito irritada.
— Você não pensa em contar, não é?
— Pensando bem, até que seria muito bom. D. Neide iria disfarçar, mas ficaria comendo fogo. Isso
eu gostaria de ver.
— Mas depois ela iria perseguir a Nina, e ela não merece.
— Isso é verdade. Mas, depois do que vimos aqui hoje, penso que a D. Neide não conseguiria nada
com o Dr. Antônio.
Depois de comentarem sobre a morte da colega, o enterro bonito, as flores e a antipatia de Olívia,elas se despediram. A tarde morria lentamente e as folhas caíam das árvores sobre o túmulo deAntônia, onde os funcionários terminavam de fechar com reboque a laje que haviam aberto, e ovento forte que soprava as movimentava como a querer varrer a tristeza e a dor por aquela vidatruncada tão cedo, chorando as oportunidades perdidas.
Nina chegou ao escritório apressada. Olhou o relógio e suspirou aliviada. Apesar de o bonde teratrasado, ela conseguira chegar dentro do horário. Colocou a bolsa no armário e, antes mesmo desentar-se, Neide já estava em pé do seu lado.
— Bom dia, D. Neide.
— Bom dia. Tenho um serviço urgente. Você precisa levar estes documentos ao escritório do Dr.
Camargo.
Nina olhou-a séria. Desde o falecimento de Antônia, quatro meses atrás, Neide procurava mandá-la
para fora do escritório, encarregando-a de serviços que poderiam ser executados pelo boy.
Nina notou que isso começara a acontecer depois que ela percebeu que o Dr, Antônio a chamava
em sua sala e às vezes parava em sua mesa para cumprimentá-la.
Gilda lhe dissera que Neide fora perguntar como Nina conseguira tal proximidade, e Maria
prazerosamente lhe contara sobre o enterro de Antônia.
O dia em que Mercedes ligou e pediu para falar com Nina deixou Neide enfurecida. Mesmo não
tendo ouvido a conversa, não conseguiu dissimular a contrariedade.
Bem que havia desconfiado da boa vontade de Nina, sempre disposta a fazer tudo, a ficar depois dohorário. Estava claro que ela desejava tomar-lhe o lugar. Arrependeu-se de não ter tomado asprovidências do enterro de Antônia.
Também, como iria adivinhar que Antônio, um advogado experiente, fosse ficar tão impressionadocom o ocorrido?Precisava mandá-la embora. Não podia ficar em paz enquanto aquele perigo aestivesse rondando. Estava claro que o Dr, Antônio se deixara levar pela "boa vontade" de Nina.Havia observado também que Nina não mais obedecia às suas orientações, comparecendo aoescritório maquiada, com roupas vistosas. Ela havia dito como deveria se vestir.
Agora que se sentia importante, Nina fazia isso para afrontá-la. Muitas vezes o Dr. Antônioprocurava por Nina. Desejava encarregá-la de algumas providências, mas ela nunca estava. Neide oinformava que Nina adorava ficar na rua e vivia pedindo para fazer esse tipo de serviço.
Nina estava percebendo o jogo dela e resolveu reagir. Neide continuava com o envelope estendido,
e Nina perguntou:
— A senhora não pode mandar o menino entregar isso?
Neide enrubesceu de raiva.
— Como se atreve? Você está aqui para me obedecer.
Nina abriu o jogo:
— Tenho notado que a senhora tem procurado manter-me afastada do escritório, mandando-me
fazer serviço que qualquer menino de recados pode fazer. Não é essa minha função.
— Sua função é fazer o que eu determino. Quem você pensa que é?
— Uma pessoa responsável.
— Pegue este envelope e vá entregá-lo no escritório do Dr. Camargo.
— E se eu não for?
— Se não for, falarei com o Dr. Antônio, Você será despedida.
O telefone tocou e Nina atendeu. Era o Dr. Antônio:
— Ainda bem que a encontrei. Venha à minha sala.
— Sim, senhor.
Nina desligou o telefone e, olhando Neide, disse séria:
— Sinto muito, mas não poderei ir mesmo. O Dr. Antônio está me chamando.
Neide fulminou-a com o olhar e foi para sua sala. Gilda e Maria dissimularam a alegria. Assim que
Nina foi à sala de Antônio, elas se aproximaram:
— Você viu a cara dela? — disse Maria.
— Pensei que ela fosse ter um ataque — respondeu Gilda, satisfeita.
Nina bateu ligeiramente na porta e Antônio a mandou entrar.
— Finalmente consigo falar com você — disse ele.
— Quando o senhor ligou eu estava justamente dizendo a D. Neide que qualquer menino poderia
entregar aquele envelope. Tenho consciência de que o salário que o senhor me paga é para fazer
outro tipo de serviço.
— Que envelope era aquele?
— Para levar ao escritório do Dr. Esteves Camargo.
— Não era para você levar, mas para o boy. Por que ela mandou você?
— Não sei. Ela ficou muito irritada. Ameaçou despedir-me.
— Ela disse isso?
— Sim. Eu perguntei se o boy não poderia fazer isso e ela não gostou. Em todo caso, se o senhor
achar que é melhor eu ir, irei.
— Não. Deixe isso, que eu resolvo. Chamei-a aqui para tratar de outro assunto. Lembra-se de
Olívia, a tia de Antônia?
— Sim.
— Ontem, fomos a um jantar na casa de um amigo e lá estava ela com o marido. Um homem muito
educado, fino, Soube através desse meu amigo que eles são muito ricos e bem-vistos em sociedade.
Mercedes pediu que eu lhe contasse. Disse que vai lhe telefonar para comentar.
— Ela mencionou Antônia?
— Não. Nós conversamos ligeiramente. Mercedes também não simpatiza com ela.
Ficou indiferente à morte da sobrinha.
— Já o marido pareceu-me muito agradável. Era isto que eu queria lhe dizer. Mas, já que está aqui,
bata este contrato e esta petição. Quando terminar, traga direto para mim.
Nina saiu pensando que Neide iria ficar ainda mais irritada quando soubesse que ele a encarregara
de um serviço passando por cima da autoridade dela. Ele não lhe parecia tão formal quanto ela.
Era bem provável que toda aquela disciplina "linha dura" fosse criada apenas por ela para conservar
sua autoridade e manter as outras funcionárias distantes do patrão.
Nina, vendo Neide se aproximar, disse séria:
— O Dr. Antônio me disse que mandou o boy entregar aquele envelope. Acho que a senhora se
enganou.
Neide mordeu os lábios e tornou:
— De fato, eu me enganei. Mas isso não justifica sua atitude. Você me desafiou.
— Não se trata disso, D. Neide. E que estou sendo paga para fazer um serviço mais complexo. Sai
caro para o escritório usar meu tempo com coisas que qualquer um pode fazer.
— Não lhe pedi opinião. Sei o que estou fazendo. — Hesitou um pouco e perguntou: — Afinal, o
que o Dr. Antônio queria?
— Falar comigo um assunto particular. Também me pediu para fazer alguns serviços para ele.
Neide não respondeu. Saiu quase correndo, para delícia de Gilda e Maria, que se entreolharammaliciosas. Aproximaram-se de Nina querendo saber o que havia acontecido, mas ela dissesimplesmente:
— Vamos deixar isso de lado. Não tem nenhuma importância. Tenho muitas coisas para fazer.
As duas foram trabalhar e Nina se dispôs a fazer o que o Dr. Antônio lhe pedira. Quase na hora do
almoço, Mercedes ligou:
— Nina, gostaria de conversar com você. Pode vir à minha casa hoje, quando sair do escritório?
Sinto muito, D. Mercedes, mas preciso ir buscar meu filho. Não tenho com quem o deixar, Gostaria
muito de ir.
— Não faz mal. Amanhã é sábado. Por que não vem tomar um lanche à tarde e traz seu filho?
Gostaria muito de conhecê-lo.
Nina hesitou um pouco, depois respondeu:
— Ele é muito levado.
— Não se preocupe. Venha, que nos dará muito prazer.
— Nesse caso, iremos. Pode esperar.
— Quero conversar com você. Vou precisar de sua ajuda.
— Pode contar comigo.
Nina desligou o telefone e voltou ao trabalho. Apesar das amizades que tinha no colégio, ela não
freqüentava a casa de ninguém.
Havia notado que sua situação de mãe solteira não era bem-vista pela maioria das mulheres, queviam nela uma perigosa rival. Também não desejava expor seu fïlho à maledicência e ao preconceito.
Mas gostara de Mercedes. Depois, ela sabia a verdade e mesmo assim insistira em convidá-la.Momentos havia em que, apesar de ter o filho, sentia-se muito só. Seus pais moravam distante.Sabiam a verdade, continuavam apoiando-a, mas moravam em uma cidade pequena onde suapresença serviria de escândalo. Por isso, ela nunca mais fora visitá-los. Eles, quando podiam,vinham a São Paulo vê-la. Mas, naqueles quatro anos, vira-os apenas duas vezes. Por isso, aceitouo convite de Mercedes. Sentia que era uma pessoa franca, sem preconceitos. Neide desligou otelefone com raiva. Desde que notara a simpatia que Antônio nutria por Nina, sempre que elaatendia o telefone ficava ouvindo na extensão. O convite de Mercedes a deixou muito contrariada.Era fora de dúvida que Nina estava se insinuando para a família do seu chefe, tentando tomar seulugar. Isso ela não podia tolerar. Conseguira aquele emprego com muito esforço e não estavadisposta a perdê-lo.
De nada lhe valera dizer a Nina que sua aparência exuberante não condizia com a sobriedade do
escritório. Ela agradecera o conselho mas continuava do mesmo jeito.
Não lhe passaram despercebidos os olhares de admiração que os homens lhe lançavam. Certo dia,
Neide não se conteve. Chamou-a em sua sala e disse:
— Você precisa deixar de arruinar-se como quem vai a uma festa. Aqui é um lugar de trabalho.
Tem que ser discreta.
Nina sorriu, deu uma volta e respondeu:
— Um costume verde-folha, uma camisa de seda creme, sapatos fechados marrons... Parece-me
muito indicado.
— Pois não é. Além disso, seu exemplo tem sido pernicioso. Suas colegas estão querendo imitá-la.
Você tem que mudar.
— Aprecio sua opinião, D. Neide. Mas o Dr. Antônio não pensa como a senhora, Ainda ontem medisse que todas as moças aqui deveriam vestir-se com a mesma classe que eu. Por isso, voucontinuar me vestindo do jeito que gosto.
Neide mordeu os lábios com raiva. A situação estava pior do que havia imaginado. Como ela seatrevia a dar aquela resposta? Estava claro que tinha o chefe sob controle. Era bem possível queNina estivesse dando em cima do chefe. Precisava abrir os olhos de Mercedes. Seria um bompretexto para acabar de uma vez com o atrevimento de Nina. Ficou pensando na melhor forma defazer isso.
Na tarde seguinte, Nina e o filho foram visitar Mercedes, que os recebeu com carinho.
— Seu filho é muito lindo! — disse ela.
— Ele é toda a minha vida — respondeu Nina com um brilho emocionado nos olhos.
Estavam tomando lanche na copa quando chegou uma jovem, elegante, morena, olhos escuros e
brilhantes, lábios camudos e vermelhos, cabelos castanhos e ondulados que lhe caíam sobre os
ombros.
— Esta é minha filha Marta — apresentou Mercedes.
Nina olhou-a nos olhos e perguntou:
— Não nos conhecemos de algum lugar?
— Acho que não. Engraçado, eu também tive a impressão de conhecê-la.
— Isso já me aconteceu — disse Mercedes. — Vai ver que se conhecem de outra encarnação.
Marta sorriu e respondeu:
— E o mais provável. Mas quem é esse menino lindo?

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